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1.06.2015

devaneios febris numa noite fria

É-de estranhar os dias em que fui inteiro.

Estranho
Ser-se peça neste jogo findável.
Vistam a máscara que vos convém.
Aquela mais tolerável.
Sejam estilhaços
Do projéctil que perfura quiçá.
Sejam.
Tao pouco interessa ser-se eu
Se são bajulados pelos rostos que vos percorrem.
É o que basta para continuar.
Desenganem-se que no final gostarão. 
Mas afinal de contas quem se importará 
Se são bocados de um todo inexistente.

Sejam.


9.14.2014

Naufrágio

Apetece-me chorar
Sem razão aparente.
Preciso
Tal como o meu corpo precisa de água.
Preciso
Como se nunca tivesse chorado.
Estou a naufragar
Com as lágrimas acumuladas
De anos sem fim.
A cada dia que passa,
O peso é maior.
Não sei como o libertar.
Quiçá o melhor seja afundar,

O capitão nunca deixa o seu navio.



9.10.2014

Ode de febris sonhos

Sonho,
Rei e soberano.
Comandas o homem
No quotidiano enfadonho.
És veneno.
Elevas expectativas ao comum mortal,
Chacinas sem pensar.
Que seria de mim sem ti?
Se já pouco ou nada me resta
Que me preencha o espírito.
Seria vago,
Prefiro ser máquina.




8.13.2014

12 de Agosto

"Hoje escrevo-te
Nas horas mortas de dias infecundos.
Escrevo-te,
Enquanto a nostalgia latente me abate no canto silencioso da minha alma.
Recordo os dias em que o teu sorriso me preenchia,
Em que a tua voz me embalava
E a tua presença era luz
Sou incapaz de nao te perdoar o imperdoável
E, no entanto, não consigo esquecer.
Impotente, ao constatar que jamais será o mesmo.
O tempo não volta atrás.
Ficam as memorias de outrora,
Estas que me despedaçam
E me obrigam a chorar.
Espero que um dia algo seja capaz de me tornar inteiro,
Pois sou nada
E, ao mesmo tempo, tudo.
Sou o nada impresso humano
Condenado a vaguear as ruas que desejava vazias.

Hoje escrevo-te."

7.04.2014

Exponencial

A solidão abalou-me.
Não de rajada,
Mas entranhando-se de mansinho.
Sei,
Algures no meu inconsciente consciente,
O fim que me espera.
Não me apoquento.
Até lá a solidão será a minha fiel companheira.
Ouvirá as lamurias em noites escuras,
Enxaguará as lágrimas causadas por dores de alma,
Acompanhar-me-á por ruas vazias.
Cresce o vazio de outrora,
Este que há muito desapareceu sem avisar.
E assim se rege neste exponencial desencanto de existência.

Sei.