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5.28.2014

Prazo

Talvez me falte o tempo
Esse que corre sem parar.
Corre na correria intermitente e,
Não adianta ir contra a maré,
Corremos o risco de afundar.
Sei que ele reserva algo
Em que o secretismo reina.
Rei e soberano permanecerá.

Esperemos serenamente como bons súbditos que somos.
O amanhã virá num piscar de olhos.


5.23.2014

Maresia

Existe algo deslumbrante
No psicadélico quotidiano que habito.
Sumptuosos lugares que,
Consomem cada pedaço de almas quebradas
Como a minha.
Preciso desalmadamente de algo que sustente os pedaços
Que vagueiam em liberdade.
Necessito de ancorar as ideias que flutuam neste mar,
Ou pelo menos uma nau para que possa navegar.

Já foi tempo de tempestade
Agora espero a bonança.


5.18.2014

Traquejos

Clichés,
Todos os condenam,
Todos desesperam.
À procura que o nada de novo se realize,
Crêem que só assim terão o que se chama de felicidade.
Esse conceito que carcome a cabeça de muitos.
O que se procura desalmadamente nunca será encontrado
Pois este não quer ser descoberto,
Quer se aproximar e entranhar de mansinho
Na alma e corpo dos que seguem o caminho das curvas e contracurvas mundanas.

Hoje olhei para o passado
E vi o que jurei não mais ver.
O perseguir idealismos de maior deleite,
O receber a contraditória dádiva.

Já há muito que espero.



5.13.2014

Identidade outorgada

Olho-me de cima a baixo,
Como se fosse um objeto.
Pergunto-me se sou eu o ser que vejo em reflexos
Dispersos nesta sala coberta de espelhos.
Estes olhos fingem ver algo que nunca viram antes,
Quisessem eles não ver.
Fora desta divisória mais uns quantos me percorrem,
Avaliando cada pedaço de alma e corpo que aparento ser/ter.
Sinto-me alvo no meio deste descampado.
Queria ter muro consistente e cimentado em meu redor.
Não bastam as paredes que ergui,
Estas apenas revestem o meu interior.

Atento no que me rodeia,
Reparo que no meio de tanta putrefação
Ainda existe algo que me faça acreditar na humanidade.
A fragilidade de um novo ser, bondades alheias…  

O melhor será demolir estas paredes.


5.11.2014

Utopia

Há muito que anseio
Pelo espaço que promete a humanidade.
Promete mas não cumpre,
Sui generis da raça.
Condicionar o livre arbítrio,
É o que se preza
Para bem dos seres.
Que os céus caíssem se de livre algo tivesse o Homem,
Seria o fim do mundo, cogitam os senhores.
Facto é que o mais fácil é confinar
As criaturas em regras, normas e leis,
Sim.
Apontam o dedo para o mundo ideal, o mito,
Onde a liberdade pura reina, 
Onde o ser não é julgado.
Seria anárquico este estado de maior graça.

Dizem que o mito só preenche a mente dos sonhadores.
Pois eu habito na terra dos sonhos,
E prezo solenemente que o ideal se realize.

Para voar é preciso asas mas também vontade.


5.07.2014

Opiáceo

Procuro as linhas de tempo
Cravadas a unhas negras neste aparato de alma,
Sinto-me dependente.
As imagens não cessam
Nem a vontade que cessem emerge.
Vivo na constante reminiscência do meu ser,
E só assim serei eu.
O meu corpo já não reage as doses visuais constante,
Emitidas num frenético déjà vu sentimental.
Deixo-me ficar.

Em tempos tudo era dor,
Agora é entranha. 


5.02.2014

Cronologia

É tempo
De deixar as imagens que me assombram
Em cantos desconhecidos.
Careço de me deixar levar,
Pelo que ainda virá.
Talvez seja o princípio de um fim,
Ou um fim para um princípio.
Não me inquieta,
Pois nada mais quero,
Que a simplicidade mecânica e autómata de um sorriso.
Virá?
É tempo.


5.01.2014

Motim Memorial II

Pedras carregam todo o meu ser para o fundo deste mar.
Este mar, feito das lágrimas que outrora jorrava,
Irá secar.
Todo o peso que me afundava começou a levitar e sei que,
A compressão torácica deixará de existir
Até que consiga de novo respirar.
Hoje sou nada.
Mas dou por mim a questionar até quando?
Concluo que deixei de querer ser nada.
Quero passar a ser alguém,
E algum dia serei.
Perdão, eu já sou alguém,
Que se afirmará perante o mundo.
O mundo que quisera que desvanecesse 
Mas que falhou redondamente.
Irei ser alguém, sim,
Digno de relevo, 
Ou morrerei a tentar.
O que importa é eu saber que cá estou.
Restam os minutos por viver 
E vivê-los-ei na certeza que sou quem os vive 
A imagem ficar-me-á na memória,
Até que finde o que me sustem.

Ao menos o sossego percorre agora a minha alma.